Desculpe-nos, mas este texto esta apenas disponível em Español.
Arquivos da categoria: Documentos
Inácio José do Vale: Consumismo, o mercado da morte
O renomado sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman diz sobre o consumismo contemporâneo: “Eu sei que, seja qual for o seu papel na sociedade de hoje, todas as ideias de felicidade sempre acabam em uma loja. O reverso da moeda é que, para ir às lojas para comprar a felicidade, podemos esquecer outras maneiras de serem felizes como eles trabalham juntos, meditar ou estudo” (1).
O Cardeal Dom Gianfranco Ravasi, Presidente do Conselho Pontifício da Cultura, afirma: “Quantas páginas de revista, de ensaios e de jornais foram dedicadas ao fenômeno do consumismo, e quantas vezes determinadas políticas fazem de tudo para “incentivar os consumos”, na convicção que seja uma panaceia para a economia nacional. Um filósofo original como o italiano Augusto del Noce (1910-1989), naquele passo acima citado de uma intervenção no Meeting de Rimini, colhia um aspeto particular, ousarei dizer “sacral”, do frenesi consumista: ele inquina também o campo religioso e gera uma espécie de fé acomodatícia, podemos dizer “à la carte” (2).
É verdade! O consumismo é o mercado da morte e a indústria do enforcamento emocional! Entende-se “sacral”, “frenesi”, “à la carte”, toda abissalidade consumista legal e marginal. Vai do corpo: mudanças de gêneros, a ditadura da cirurgia plástica, idolatria da beleza, passa pelo emocional: a logística da compra da felicidade, terapia alternativa, esoterismo, seitas, e chega ao mais cruel do sagrado: a terrível fraude da teologia da prosperidade. E o resultado de tudo isso é a exclusão da dignidade da pessoa humana. Dai: a morte da razão, do respeito, da caridade, a desconstrução da comunhão e o assassinato do semelhante! No campo religioso a crueldade é muito maior quando, exclui, tortura e mata em nome de Deus, de Alá, da divisão de castas e da instituição. Na religião e na política os discursos são os melhores teatros na arte de falar e praticar o oposto.
O ser humano pode se libertar de todo potencial da indústria do consumismo e da destrutiva mídia manipuladora, no entanto, é necessária a conscientização da descoberta não revelada por todo sistema que impera: social, político, econômico e religioso. Nada pode destruir a verdade que liberta e que faz resistência ao mercado da morte. Diante desse mercado são importantes: estudos profundos, leitura fora do convencional, escutar intelectuais comprometidos com a vida dos menos favorecidos, lidar com grupos de pensadores que lutam pela libertação dos oprimidos, ler os Evangelhos, orar, meditar e agir. Lutando e denunciando cada crise projetada pela “Elite Econômica”, ou seja, “Os Senhores do Poder Global”, declarar com resistência ruptura radical contra esse sistema escravocrata e da usina de desigualdade. Com ciência, fé, esperança e com comunidades organizadas, vamos galgar novos horizontes de libertação, com justiça, paz e coragem.
Pe. Inácio José do Vale
Professor e Conferencista
Sociólogo em Ciência da Religião
Irmãozinho da Visitação da Fraternidade de Charles de Foucauld
E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com
Notas:
(1) http://www.elmundo.es/papel/lideres/2016/11/07/58205c8ae5fdeaed768b45d0.html
(2) http://www.snpcultura.org/uma_fe_a_escolha.html
(Español) Javier PINTO. Ficha 6. Año de la Misericordia: Ve pues, que yo te envío
(Français) Charles de FOUCAULD: le frère universel
Questionario Bangalore 2019
XI ASSEMBLEIA GERAL, BANGALORE – INDIA, 15-30 DE JANEIRO DE 2019.
Indrodução:
Em vista da Assembleia geral em Bangalore em janeiro de 2019, enviamos este questionário a todas as fraternidades. O tema escolhido para esta assembleia é: Presbíteros diocesanos missionários inspirados pelo testemunho do beato Carlos de Foucauld.
As realidades sociais e eclesiais de nossos continentes mudaram profundamente desde a última assembleia em Possy em 2012.
O papa Francisco nos convida a um novo impulso para a Evangelização em sua exortação apostólica Evangelli Gaudium. Para nos ajudar na preparação da próxima assembleia mundial, pedimos a cada fraternidade que faça com o auxilio deste questionário uma revisão de vida que reflita sobre nosso ser presbíteros diocesanos na vida e na missão.
Propomos o seguinte processo:
1- Cada fraternidade responda este questionário.
2- A reflexão por escrito deve ser enviada ao responsável nacional (Pe. Gildo….citar email) antes de maio de 2017.
3- O responsável nacional enviará ao Padre Aurélio (asanz@quintobe.org) até o mês de setembro de 2017 para que a equipe internacional possa sistematizar as conclusões em sua próxima reunião em janeiro de 2018 em Bangalore.
As respostas podem ser enviadas em idioma de cada país e se possível traduzida em espanhol, inglês e francês. Em comunhão missionária. Obrigado.
PARTE 1: HUMANA: Políticia, Economica, Social e Cultural (outras religiões, migrantes…).
Como nos afeta nossas realidades(situação) política, econômica, social e cultural?
PARTE 2: ECLESIAL: Diocese/presbitério, paróquia e comunidade.
Como nossa diocese, paróquias e comunidades tem sido inspiradas e iluminadas pela Evangelli Gaudium para sermos Igreja em saída às periferias? Quais são os obstáculos deste projeto missionário?
PARTE 3: FRATERNIDADES
No contexto da espiritualidade de Nazaré (proximidade com o povo) como vivenciamos os meios propostos pela fraternidade (adoração, dia mensal de deserto, revisão de vida, retiro, opção pelos pobres, mês de Nazaré)?
Por favor, nos informe alguns dados:
1- Número de padres na fraternidade:
2- Número de irmãos que já fizeram o mês de Nazaré:
3- Há vínculos com pessoas da família espiritual de Charles de Foucauld? Cite:
4- Nos relacionamos e apoiamos outras fraternidades?
(Español) Fernando TAPIA: sugerencia para un RETIRO DE ADVIENTO
(Español) Javier PINTO, Ficha 5 del Año de la Misericordia: VETE Y HAZ TÚ LO MISMO
(Español) Antonio SICILIA: Carlos de FOUCAULD, un profeta para nuestro tiempo.
O lugar de Deus é sempre entre os últimos
“Naquele tempo, Jesus entrou, num sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos o observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: “Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (…). (Do Evangelho do 22.º Domingo do Tempo Comum, Lucas 14, 1.7-14)
Nosso Senhor Jesus Cristo surpreendia os bem-pensantes: era um rabino que gostava dos banquetes, apreciava estar à mesa, ao ponto de ser chamado «glutão e bebedor de vinho, amigo de pecadores» (Lucas 7, 34); fez do pão e do vinho os símbolos eternos de um Deus que faz viver, do comer juntos uma imagem feliz e vital do mundo novo.
Dizia aos convidados uma parábola, notando como escolhiam os lugares mais importantes. Os fariseus: tão devotos, tão austeros em relação à aparência, e por dentro devorados pela ambição. Jesus critica-os, citando um passo famoso, extraído da antiga sabedoria de Israel: «É melhor que te digam: “Sobe para aqui” do que seres humilhado diante de um príncipe» (Provérbios 25, 7).
Dizia: quando fores convidado, vai para o último lugar, mas não por humildade ou por modéstia, mas antes por amor: coloco-me depois de ti porque quero que tu sejas servido antes e melhor. O último lugar não é uma humilhação, é o lugar de Deus, que «começa sempre pelos últimos da fila» (S. Orione); o lugar daqueles que querem assemelhar-se a Jesus, que veio para servir, e não para ser servido.
Jesus reage à eterna corrida aos primeiros lugares opondo «a estes sinais do poder o poder dos sinais». Uma expressão de Dom Tonino Bello, bispo italiano e ex-Presidente da Pax Christi, que ilustra a estratégia do Mestre: vai para o último lugar, não por um sinal de indignidade ou de desvalorização de ti, mas por sinal de amor e de criatividade. Porque gestos destes geram uma reviravolta, uma inversão de rota na nossa história, abrem o caminho para um modo de habitar a Terra totalmente outro. Acolhe aqueles que ninguém acolhe, dá àqueles que nada te podem restituir. E serás feliz porque não têm o que te dar em troca (1).
CHARLES DE FOUCAULD
“Humildade de Jesus: imitemo-Lo. Busquemos o último lugar… fazermo-nos pequenos… Pelo exemplo, a humildade, o abaixamento, a vida escondida…”.
Charles de Foucauld
Meditações sobre o Evangelho (2)
Vivemos numa era em que o sistema religioso está tomado pela espetacularização. A espiritualidade de Charles de Foucauld é um contraponto para quem busca o testemunho evangélico no silêncio da oração, no deserto, no serviço aos pobres, no anonimato inspirado na vida oculta de Jesus em Nazaré. A busca do primeiro lugar é incompatível com a caminhada foucauldiana e é um escândalo ao ensinamento do Evangelho de Cristo. É da doutrinação ortodoxa saber que toda honra, glória, louvor, adoração e majestade pertencem a Santíssima Trindade.
A busca do primeiro lugar está conectada ao poder, ao domínio, a idolatria do dinheiro e a luxúria. Nesse contexto, a fama, a glória e o troféu é a realização carnal, egoísta do narcisismo e do hedonismo. O fato de o religioso ser assim torna-o muito pior do que o não religioso. No campo da religião tal prática é uma abominação que fora dele não há igual!
O Senhor bom Deus não associou a salvação à ciência, à inteligência, à riqueza, ao poder, a uma longa experiência religiosa de ritos, sacrifícios, pagamentos de promessas, peregrinações e atos grandiosos, e nem a dons espetaculares. Associou-se sim, àquilo que estão ao alcance de todos os seres humanos de todas as idades e classes, raças, tribo e em qualquer lugar ou em qualquer situação em que a pessoa esteja vivendo. Todos são acolhidos nos braços amorosos do Pai misericordioso. É em Jesus que nos fazermos pequenos, de tomarmos o último lugar, de obedecermos; que liga ainda à pobreza de espírito, à pureza de coração, ao amor da justiça, ao espírito da paz e de comunhão (Mt 5,3ss).
A soberba, a exaltação, o pedantismo e a síndrome do Facebook, (ser imagem para aparecer) não combinam de forma alguma com a humildade, simplicidade, pobreza e com espírito da Família de Nazaré. Não é compatível a vida evangélica com o show mundano. Não há nenhuma conexão do seguidor do Reino de Deus com o reino capitalista de Satanás.
Conselho de Charles de Foucauld: “Lembremos sempre uns aos outros esta história dupla: a das graças que Deus nos deu pessoalmente desde o nascimento e a das nossas infidelidades; e aí acharemos […] motivos infinitos para nos perdermos, com ilimitada confiança, no Seu amor. Ele ama-nos porque é bom, não porque somos bons; não amam as mães os filhos desencaminhados? E muitas razões havemos de encontrar para nos enterrarmos na humildade e na falta de confiança em nós próprios. Procuremos resgatar um pouco os nossos pecados pelo amor ao próximo, pelo bem feito ao próximo. A caridade para com o próximo, os esforços para fazer bem aos outros são um excelente remédio a opor às tentações: é passar da simples defesa ao contra-ataque”.
Pe. Inácio José do Vale
Fraternidade Sacerdotal JesusCáritas
Irmãozinho da Fraternidade da Visitação de Charles de Foucauld
Notas
(1) ErmesRonchi- http://www.snpcultura.org/o_lugar_de_Deus_sempre_entre_os_ultimos.html
(2) Foucauld, Charles de. Meditações sobre o evangelho. Tradução de Nuno de Bragança. Lisboa: Círculo do Humanismo Cristão, 1962, pp. 112 e 113.

