O homem é bom e mau por natureza. José Inácio do VALE

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata genebrino. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo.

Sua filosofia política de fato influenciou o Iluminismo por toda a Europa, assim como também aspectos da Revolução Francesa e o desenvolvimento moderno da economia, da política e do pensamento educacional.

Para ele, as instituições educativas tradicionais corrompem o homem e tiram-lhe a liberdade. Para a criação de um novo homem e de uma nova sociedade, seria preciso educar a criança de acordo com a Natureza, desenvolvendo progressivamente seus sentidos e a razão com vistas à liberdade e à capacidade de julgar.

“O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. Rousseau toma posição contra a teoria do estado de natureza hobbesiano. O homem natural de Rousseau não é um “lobo” para seus companheiros.

Thomas Hobbes (1588-1679) foi um matemático, teórico político e filósofo inglês, autor de Leviatã (1651). Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de um governo e de uma sociedade fortes. No estado natural, embora alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais de forma a estar isento do medo de que outro homem lhe possa fazer mal. Disse: “O homem é lobo do homem, em guerra de todos contra todos”.

O homem nasce mau, com instintos de sobrevivência, e que devido a tais instintos é capaz de fazer qualquer coisa. A sociedade tem o papel de educá-lo, de humanizá-lo, de torná-lo sociável. “A natureza humana para Hobbes é má. O homem é mau”. Essa tese se encontra na obra “O Leviatã”, inspirada em uma figura mitológica, que é uma serpente que fez um acordo com os homens. Na medida em que os homens não cumprem o acordo, a serpente vem e os devora”.

Na visão de Hobbes, como sugere a clássica passagem “O homem é o lobo do homem.”, o estado de natureza no qual o homem vive é essencialmente composto por guerras e disputas, uma vez que a para ele o homem tem o direito fundamental à vida e para isso a de se valer de qualquer coisa para garanti-la, sendo “mal” por natureza. Em outras palavras, o indivíduo vive em constante estado preventivo, o que leva o mesmo a contínuas disputas e segundo ele “…a vida do homem é solitária, miserável, sórdida, brutal e curta”.

Kant, Locke e Baudelaire

Na visão de Kant e Locke: o homem não nasce bom nem mal, mas sim num estado bruto, primitivo, animalesco – e se torna aquilo que a sua educação/ambiente lhe ensinam. Não existe naturalmente bom nem mau, porque esses valores são por definição relativos.

Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo prussiano. Amplamente considerado como o principal filósofo da era moderna. A filosofia da natureza e da natureza humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. Em 1781 publicou a Crítica da Razão Pura, um dos livros mais importantes e influentes da moderna filosofia.

Kant é provavelmente mais bem conhecido pela teoria sobre uma obrigação moral única e geral, disse: “Age de tal modo que a máxima da tua ação se possa tornar princípio de uma legislação universal”.

Segundo Kant: “Para indicar a classe do ser humano no sistema da natureza viva e assim o caracterizar, nada mais nos resta a não ser afirmar que ele tem um caráter que ele mesmo cria para si mesmo enquanto é capaz de se aperfeiçoar segundo os fins que ele mesmo assume; por meio disso, ele, como animal dotado da faculdade da razão (animal rationabile), pode fazer de si um animal racional (animal rationale)”.

John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês conhecido como o “pai do liberalismo”, sendo considerado o principal representante do empirismo britânico e um dos principais teóricos do contrato social.

Locke ficou conhecido como o fundador do empirismo, além de defender a liberdade e a tolerância religiosa. Como filósofo, pregou a teoria da tábua rasa, segundo a qual a mente humana era como uma folha em branco, que se preenchia apenas com a experiência. Essa teoria é uma crítica à doutrina das ideias inatas de Platão, segundo a qual princípios e noções são inerentes ao conhecimento humano e existem independentemente da experiência. Afirmou: “O homem nasce como se fosse uma folha em branco”.

Um dos objetivos de Locke é a reafirmação da necessidade do Estado e do contrato social e outras bases. Opondo-se à Hobbes, Locke acreditava que se tratando de Estado-natureza, os homens não vivem de forma bárbara ou primitiva. Para ele, há uma vida pacífica explicada pelo reconhecimento dos homens por serem livres e iguais.

Charles Baudelaire (1821-1867) foi um historiador, poeta e teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia.

Ele acreditava que Deus criou a natureza e os seres humanos para serem bons e maus, resultando no que parece ser uma mistura de ambos. Disse: “Existem em todo o homem, a todo o momento, duas postulações simultâneas, uma a Deus, outra a Satanás. A invocação a Deus, ou espiritualidade, é um desejo de elevar-se; aquela a Satanás, ou animalidade, é uma alegria de precipitar-se no abismo”.

A simbiose da natureza humana é conhecida em todos os seus contextos: da antropologia, sociologia, neuropsiquiatria, a fisiologia do cérebro e de suas funções, sejam o comportamento, pensamento (psique) ou os mecanismos de regulação orgânica e interação psicossocial alguns problemas se impõem aos pesquisadores, destacando-se entre estes os que podem ser reunidos pela patologia. A amálgama da dimensão humana foi decifrada.

Dr. A. Inácio José do Vale
Psicanalista Clínico, PhD
Capacitado em Psicologia Clínica e Educacional
Professor no Centro Educacional Católico Reis Magos
Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise Contemporânea/RJ.

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