IMITAR AS VIRTUDES DOS GRANDES

“A história do mundo não é mais do que a biografia de grandes homens”, dizia o historiador e intelectual inglês Thomas Carlyle (1795-1881). O escritor e jornalista americano Walter Isaacson, especialista em biografar nomes da ciência e da tecnologia, dá um passo além dessa constatação ao mostrar que, muito mais que um mosaico de gênios, a “história do mundo” é costurada por releituras, adaptações e retomadas, ao longo do tempo, das ideias desses “grandes homens”.

Em seu livro The Practice of Piety (A Prática da Compaixão), o escritor e bispo anglicano Lewis Bayly (1565-1631), capelão do rei Tiago I da Inglaterra, disse que “… alguém que planeja fazer algum bem através de seus escritos descobrirá que vai instruir muito poucos… “O exemplo é o modo mais poderoso para promover o que é bom”… Um homem entre mil pode escrever um livro para instruir o seu próximo… Cada homem, porém, pode ser um padrão de excelência de vida para aqueles que o cercam”.

O cientista Inglês Isaac Newton (1643-1727), que escreveu as equações das leis naturais, dizia que suas conquistas só haviam sido possíveis porque ele enxergava o mundo “do ombro dos gigantes” que o procederam. O conhecimento que nos trouxe até aqui é cumulativo, meritocrático, metódico, organizado em currículos que fornecem um mapa e um projeto de glórias e virtudes abissais. Aprender sempre é a meta com ardor e humildade se espelhando nos grandes homens!

“As virtudes intelectuais e morais exigem instrução, bons hábitos, tempo e seu exercício repetido para serem finalmente adquiridas”. Tornamo-nos educados pela aprendizagem contínua, justos pela prática da justiça, prudentes pelo exercício da prudência, heroicos pelas atitudes de coragem. As leis, portanto, formam bons cidadãos pela força do hábito. Essa deveria ser a intenção de todos os legisladores. Faz toda a diferença que hábitos são estimulados pelas leis. “Tudo o que temos de aprender devemos desde cedo aprender praticando”, declara o grande filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), em seu clássico tratado “Ética a Nicômaco”.

Charles de Foucauld

De forma magistral afirmou São Paulo Apóstolo: “Tornai-vos os meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1Cor 11,1).

“Observemos os santos, mas não fiquemos apenas na contemplação deles; procuremos isto sim, contemplar com eles Aquele que preencheu suas vidas”, disse o beato Charles de Foucauld (1858-1916).

A vida deste padre, monge, missionário e eremita francês que viveu no deserto do Saara é uma inspiração abissal para muitos seguidores de Jesus de Nazaré no mundo inteiro. Seu legado são dezenas de congregações religiosas, fraternidades sacerdotais, fraternidades leigas, mosteiros, eremitérios e grupos que se alimentam da sua espiritualidade.

Escreveu: “Toda a nossa existência deve gritar o Evangelho de cima dos telhados. Toda a nossa pessoa deve respirar Jesus. Todas as nossas ações e toda a nossa vida deve proclamar que pertencemos a Jesus”. “Nós fazemos o bem, não pelo que dizemos e fazemos, mas pelo que somos, pela graça que acompanha as nossas ações, pela maneira que Jesus vive dentro de nós, pela maneira que nossas ações são ações de Jesus, trabalhar em e através de nós”. “O amor é inseparável da imitação: quem ama quer imitar: é o segredo de minha vida. Apaixonei-me por esse Jesus de Nazaré crucificado, e passo a vida tentando imita-lo”.

Pe. Inácio José do Vale
Professor de Historia da Igreja
Instituto de Teologia Bento XVI
Sociólogo em Ciência da Religião
E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com

Bibliografia.

  • Sgarbossa, Mario. Giovannini, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus,1996.
  • Charles de Foucauld, Letters from the Desert, trans. Barbara Lucas (London: Queimaduras & Oates, 1977).

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