Casa da Fraternidade Jesus Caritas, Goiás, Brasil. Carlos Roberto dos SANTOS

Há muitos anos, desde Pe. Celso Pedro, o “vieux frère” da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no Brasil, alimentávamos o sonho de organizar a “Casa de Nazaré”: uma casa de acolhida a partir da espiritualidade do Irmão Carlos de Foucauld, que pudesse acolher irmãos para descansarem ou passar um tempo em retiro espiritual e até mesmo umas férias etc.
Houve algumas tentativas para colocar este plano em ação, mas não tiveram êxito devido às dificuldades que surgiram em cada momento.

No ano 2018 um kairós se abriu: de um lado, a aposentadoria do Padre Carlos Roberto dos Santos, que fora eleito responsável nacional, emeritude de Dom Eugênio Rixen, desejo explicito dos padres Freddy Goven, Gunther Lendbradl e Dom Edson Tasqueto Damian (para quando se tornasse emérito). De outro lado, o Mosteiro da Anunciação estava disponível para acolher novos projetos que estivessem em comunhão com a ação pastoral da Diocese de Goiás.

No ano 2020, enquanto estávamos refletindo estas possiblidades, eis que tomamos consciência do elevado número de suicídio de padres no clero do Brasil. Imediatamente, começamos a nos perguntar o que poderíamos fazer a partir das intuições espirituais de São Carlos de Foucauld. Foi assim que a “Casa de Nazaré” tornou-se a “Casa da Fraternidade”. Com este desejo, a Fraternidade do Brasil entrou em contato com a Diocese de Goiás e apresentou o pedido de contrato por um ano, para desenvolver este trabalho no “Mosteiro da Anunciação”.

Foi aceito e iniciamos a experiência em 18 de janeiro de 2021. Éramos quatro irmãos: Carlos, Eugênio, Gunther e Fernando (ex-monge do mosteiro).

Objetivo geral: a “Casa da Fraternidade Jesus Caritas” não é um mosteiro nem uma casa terapêutica, mas um centro de vivência da espiritualidade do Padre Carlos de Foucauld. Um lugar para testemunhar o Evangelho e a vivência fraterna com simplicidade e humildade. A oração é e será a nossa força!

Objetivos específicos: a “Casa da Fraternidade Jesus Caritas” é um lugar de acolhida para descanso, oração e vida fraterna aos padres, diáconos, religiosos/as e leigos/as que queiram aprofundar sua vida espiritual. Mas também um espaço de acolhida àqueles que estejam feridos, estressados, machucados ou exaustos existencialmente, e queiram crescer na sua identidade vocacional.

Todo o trabalho acontece a partir da simplicidade de nossa espiritualidade: leitura e meditação do Evangelho, Eucaristia e adoração Eucarística, trabalho manual e conversas sobre a vida. Desejávamos que esta experiência pudesse ajudar o “irmão retirante” a voltar ao essencial em sua vida ministerial, e, por “causa de Jesus e do Evangelho”, voltar para casa com mais ardor evangélico e cheio de esperança, e colocar-se a serviço dos mais necessitados.

A Casa também oferece acompanhamento espiritual e cursos ou retiros aos padres, diáconos, religiosos/as e leigos/as que quiserem. Além disso, alojará uma biblioteca e arquivo da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas no Brasil. Ali guardará e cuidará dos livros, dos boletins e toda documentação da Fraternidade Nacional. Será, inclusive, lugar de pesquisa para quem o desejar.

Financeiramente, estamos vivendo com muito pouco: a partilha dos irmãos que aqui residem e as poucas doações dos irmãos de nossas fraternidades. E como necessitamos de ajuda!

Os membros residentes na Casa da Fraternidade vivem diariamente uma rotina espiritual em comunidade: oração da manhã, adoração, missa diária com o povo da comunidade, refeições diárias e trabalhos manuais. Uma vez por mês eles fazem a revisão de vida, e uma vez por mês o dia de deserto, conforme os meios propostos pela Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas.

São Carlos de Foucauld, rogai por nós!

Pe. Carlos Roberto dos SANTOS
Responsável pela Casa da Fraternidade


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Carta aos irmâos das Americas, fevereiro 2024

Brasil, 10 de fevereiro de 2024

Aos irmãos da Fraternidade Jesus Caritas

Paz e Bem!

Com a graça de Deus iniciamos muito bem o ano de 2024.

A equipe panamericana se reuniu na cidade de Oaxaca de 2 a 8 de janeiro. Agradecemos a nosso irmão Padre José Rentería e sua comunidade, pela acolhida e por toda a logística criada para que pudéssemos ter uma excelente estadia e um bom encontro em Oaxaca. Em nosso encontro:

1) Seguimos a metodologia da Fraternidade durante todo o encontro;

2) Fizemos uma revisão da caminhada de nossas fraternidades no continente americano, buscando meios de como podemos ajudá-las, e como incentivar a criação de novas fraternidades nos países onde ainda não existem;

Nos propusemos entrar em contato com irmãos da Venezuela, Colômbia, Panamá e Cuba, que tenham alguma semelhança com nossa espiritualidade ou com este rosto de Igreja pobre e servidora, para convidá-los a participar conosco em nossas fraternidades;

Solicitamos aos irmãos que conheçam alguém, para nos enviar seus dados de contato.

3) No dia 4 de janeiro, o Padre Willians R. de Brito, do Brasil, fez uma apresentação sobre a “Sinodalidade na Igreja sob uma visão Latino-americana”, por videoconferência.

Depois, discutimos sobre estes três temas:
a. Qual é o maior problema das fraternidades em nosso continente?
b. Propostas para o futuro de nossas fraternidades
c. Como incentivar nossa Fraternidade em outros países?

4) No dia 7 de janeiro fizemos um dia de deserto numa bela colina de Oaxaca.

5) Neste encontro começamos organizar a criação de um folheto com a missa em espanhol, inglês, português e francês, e alguns cânticos de nossos países, para nos ajudar em nossas reuniões e assembleias panamericanas e internacionais;

6) Não podemos esquecer que tivemos a oportunidade de visitar a Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, e também participar da vida da Paróquia São Bartolomeu de Coyotepec, da missa festiva em honra a Nossa Senhora de la Soledad al pie da la Cruz, da missa festiva dos Santos Reis, de encontros com a comunidade dos surdos, e também de um matrimônio e batizado com eles. E por último, de um belo almoço com as lideranças das comunidades da paróquia de José Renteria.
Irmãos, seguindo o exemplo de São Carlos de Foucauld, gritemos o Evangelho com a vida.

Um grande abraço,

Carlos Roberto dos Santos
Responsável Continental

Quaresma 2024 Reflexâo e convite à Revisâo de Vida. Aurelio SANZ BAEZA

Encontramo-nos num tempo de graça, de comunhão com todas as pessoas do nosso mundo que desejam que a paz, a concórdia e a solidariedade se tornem realidade com a humanidade sofredora. Encontramo-nos também num momento turbulento, de inseguranças, de pendências de resolução de conflitos, de exploração humana nas suas diversas formas.
São apelos permanentes diante dos quais muitas vezes nos sentimos impotentes.

Nossa vida pessoal também é afetada por tudo em nosso ambiente, pelo trabalho ou pelo estresse de múltiplas atividades, pela busca de mais horas a cada dia, ou pela inatividade por idade, cansaço, doença…

A palavra CONVERSÃO volta a nos ocorrer nesta época, e podemos deixá-la como na época do Natal como um enfeite que acompanha a estação do ano, pois é uma atitude necessária para celebrar a Páscoa, uma de ressurreição e outra de nascimento. Ou seja, a conversão pode continuar sendo um clichê que se repete anualmente, e passar pela nossa vida como se curasse um resfriado ou pouco mais.

Se observarmos a conversão de Charles de FOUCAULD, além de sua personalidade, de seu passado mais recente e de sua biografia até aquele momento, há uma ação de Deus, que chama seu filho, que coloca Henri HUVELIN em seu caminho, que tem o apoio espiritual de sua família, tão angustiada por aquele irmão, primo, tão inteligente e criativo que fica difícil de entender.

Diante disso, poderíamos fazer estas reflexões:

1 Em que aspectos da minha vida, da minha espiritualidade, do meu trabalho quotidiano e das minhas relações com os outros preciso de mudanças? Já me adaptei a ser como sempre sou ou sinto que não estou trabalhando bem assim? Defendo os outros, o Papa Francisco, os meus colegas sacerdotes? Defendo os pobres que estão comigo?

2 A amizade com Deus, a minha relação com ele na oração, na celebração da Eucaristia ou da Liturgia das Horas, é marcada pelo rito repetitivo, rotineiro, ordenado, ou é uma expressão quotidiana, do presente, do meu momento atual e mundial, com as preocupações ou alegrias do dia? Adorar, ouvir a Palavra, que lugar e tempo ocupam no meu dia a dia? Tenho tempo para quase tudo, exceto oração e contemplação? O dia do deserto, é uma prioridade? Estou com preguiça, com medo…?

3 Quando há muitos cabos de conexão em um dispositivo eletrônico e não conseguimos descobrir para onde vai um e outro, como faço para conectar a partir da minha boa vontade em meu coração o chamado de Jesus para trabalhar em seu Reino, a urgência de respostas de minha parte aos conflitos humanos que existem perto ou longe de mim? Tenho capacidade de ouvir quem precisa de mim?

A Quaresma é um tempo de conversão: não façamos outro mito ou ideia, ou um ornamento em todo o nosso ser crente, fácil de explicar aos outros, mas difícil de enfrentar internamente.

Aurélio SANZ BAEZA,
fraternidade de Múrcia

Fevereiro de 2024


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Carta de Natal 2023 aos irmâos de todo o mundo. Eric LOZADA, responsável internacional

Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e eles lhe chamarão o nome de Emanuel” (que significa Deus conosco). (Mateus 1:23)

O Natal sempre foi isto: contemplar a visita de Deus ao seu povo”. (Papa Francisco)

Eu nasci, nasci para você, nasci numa caverna, em dezembro, no frio, numa noite de inverno, na pobreza e na solidão, desconhecido até dos mais pobres. Por que nasci assim? Para que você acredite no meu amor, pois meu amor por você não tem limites. Como eu te amei tanto, coloque toda a sua esperança em mim. Eu te ensino a me amar… Desde o meu nascimento eu me mostrei a você e me coloquei inteiramente em suas mãos. … você foi capaz de me ver, me abraçar, me ouvir, me servir, me consolar…. Eu não me entreguei a você apenas no nascimento, por alguns dias ou anos, mas me entreguei em suas mãos para sempre, até o fim dos tempos.” (Meditação do irmão Charles sobre o presépio)

Queridos irmãos,

Saudações de Natal para todos vocês!

Como você e sua comunidade estão comemorando o Natal este ano? Existem formas novas e criativas de celebração do ano passado? O Natal ainda é a presença gentil, tranquila e humilde do Emanuel em nosso mundo agitado e barulhento? Ou damos licença ao mercado, ao turismo e às indústrias do entretenimento para planear as nossas celebrações de Natal? Seria bom olhar para as nossas celebrações de Natal deste ano face à realidade do nosso mundo de hoje, com todas as suas luzes e sombras. Pergunto-me como é que as famílias em Gaza, na Ucrânia, no Haiti ou em qualquer outro lugar e as pessoas que sofrem de agitação social, pobreza extrema e deslocamento celebram o Natal este ano? A realidade do sofrimento está mais próxima deles do que a da alegria do Natal? Olhamos reflexivamente para o nosso mundo e ao interpretar os sinais celebramos o Natal de uma forma mais ágil e adequada.
E a mãe terra? O Natal não é apenas para o mundo humano, mas para todo o universo, incluindo o ambiente ecológico que é radicalmente alterado pelo mistério de Deus em carne. Eu me pergunto como a irmã água, o irmão vento, a irmã pássaro, o irmão floresta estão comemorando a estação? As reclamações sobre a poluição, as alterações climáticas, o desequilíbrio do ecossistema estão a privar-nos da alegria do Natal? Para nós, que podemos estar no lado mais brilhante do mundo, qual seria a nossa resposta ao convite para celebrar o Emmanuel no meio do barulho estrondoso da violência, da ganância, da apatia em relação à vida em todas as formas do nosso mundo de hoje?

O nascimento virginal não é apenas uma pessoa, mas um caminho. Bem no fundo da nossa esterilidade, vulnerabilidade, desamparo como pessoas e ambiente, vestígios de uma nova vida aparecem no horizonte, pequenas manifestações do Emmanuel abrem a nossa consciência para dar origem a novas iniciativas e sonhos partilhados. Como pessoas de esperança, olhamos longa e amorosamente para o mundo como o Pai o vê quando deu ao mundo o seu Messias no primeiro Natal. O mundo não estava pronto. Tem que nascer na pobreza da manjedoura, na periferia da aldeia. Isto não é um pensamento sentimental ou ilusório ou um deus ex machina, mas um apelo a uma mudança radical e paradigmática para o nascimento de um novo céu e de uma nova terra.

O Natal é um chamado à solidão do coração. A verdadeira solidão é reconhecer, nomear e reivindicar a nossa pobreza, o nosso vazio que é também o nosso espaço ilimitado para os outros. No âmago da nossa solidão, encontramos o Emanuel em todos os homens e mulheres como irmãos e irmãs, não apenas nossos amigos, mas também aqueles que matam, mentem, torturam, violam e travam guerras. Eles se tornam nossa carne e sangue. Quando os nossos corações estão cheios da bondade do Emanuel e vazios de medo, raiva, indiferença, ganância, “nos tornamos um lar acolhedor para Deus e para toda a nossa família humana na terra”. (Henri JM Nouwen)

O Natal é um chamado à solidão do coração. A verdadeira solidão é reconhecer, nomear e reivindicar a nossa pobreza, o nosso vazio que é também o nosso espaço ilimitado para os outros. No âmago da nossa solidão, encontramos o Emanuel em todos os homens e mulheres como irmãos e irmãs, não apenas nossos amigos, mas também aqueles que matam, mentem, torturam, violam e travam guerras. Eles se tornam nossa carne e sangue. Quando os nossos corações estão cheios da bondade do Emanuel e vazios de medo, raiva, indiferença, ganância, “nos tornamos um lar acolhedor para Deus e para toda a nossa família humana na terra”. (Henri JM Nouwen)

A nossa tarefa é esperar, mas não passivamente, mas ativamente. Quando esperamos, sabemos que o que esperamos é crescer a partir do solo em que pisamos. Esperamos com a convicção de que uma semente foi plantada há dois mil anos e que algo já começou. Somos chamados a estar presentes no Kairos do Natal com a certeza de que algo está acontecendo onde estamos e que queremos estar presentes neste momento sem as características externas da época. Deus plantou generosamente a semente da divindade em cada coração humano e no nosso mundo e esperamos com firme convicção e alegre esperança com Maria, que cantou: “O Todo-Poderoso fez grandes coisas e santo é o seu nome”. Bem-aventurados somos quando vemos o que Deus quer que vejamos nesta grande época do Natal.

Alguns anúncios:

Há um Mês de Nazaré organizado nas Filipinas de 1 a 26 de julho de 2024 para falantes de inglês. A taxa de inscrição é de R$ 400/participante.

Estão a caminho os preparativos para a nossa Assembleia Mundial em Lulunta, Argentina, em janeiro de 2025. Nas próximas semanas, vocês receberão cartas da equipe internacional para que vejamos, reflitamos, discernamos e caminhemos juntos a direção, o conteúdo e o processo da Conjunto.

Irmãos, muito obrigado pelo belo testemunho e pela firme determinação de seguir Jesus mais de perto, seguindo os passos do Irmão Charles. Que a nossa prática fiel da espiritualidade liberte de tal modo os nossos corações que o Emanuel possa fazer nascer em nós e no nosso ministério novos e fervorosos modos de encontrar os múltiplos rostos dos pobres de hoje.

Com meu carinho fraterno,
Eric


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Tolerância religiosa. Inácio José do VALE

21 de Janeiro “Dia Mundial da Religião”

No Brasil também se comemora, nesta mesma data, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, que foi instituído pela Lei Federal nº 11.635, de 2007.

“A tolerância é a melhor das religiões”, afirmou o renomado escritor francês Victor Hugo (1802-1885), que foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos de grande atuação política em seu país.

É a partir desse célebre pensamento que o respeito pela dignidade humana, sua liberdade de professar as suas crenças e em prol da tolerância, deve-se afastar radicalmente de qualquer forma de fanatismo, fundamentalismo e de extremismo religioso. Para quem professa a fé, não há espaço para intolerância religiosa, e sim, pelo espaço que é todo tomado pela caridade, pela amizade e pela paz.

“Mesmo que se alguém quisesse, não poderia nunca crer por ordem de outra pessoa. É a fé que dá força e eficácia à verdadeira religião que leva à salvação”, escreveu o filósofo e educador inglês John Locke (1632-1704), que defendia a liberdade intelectual e a tolerância religiosa. Para ele, há uma vida pacífica explicada pelo reconhecimento dos homens por serem livres e iguais.

John Locke ao defender a tolerância religiosa partindo da separação entre Estado e Igreja e estabelecendo funções diferentes para cada uma dessas instituições, assim como poderes próprios para a realização de suas devidas funções. O pensamento de Locke sobre tolerância religiosa encontra-se, em suas Cartas sobre tolerância de 1689.

Para entendermos o que a tolerância religiosa quer dizer, é importante compreendermos o conceito do termo tolerância e como ele é aplicado para o caso do respeito entre religiões, crenças e espiritualidades.

Um ato pode ser considerado como tolerante quando respeita e aceita as divergências nos diversos âmbitos da vida. A partir dessa concepção, pode-se entender que a tolerância religiosa se relaciona com o respeito mútuo e a aceitação da existência de diversas crenças religiosas.

A tolerância religiosa se trata do ato de aceitar e consentir sobre a existência de diferentes religiões, em que o respeito aos seus cultos e convicções são preservados. Como consequência, essa tolerância pode ser vista como fundamental para que a liberdade religiosa seja protegida e preservada.

Desde a publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em 1948, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a liberdade religiosa é reconhecida em nível internacional como parte dos direitos humanos. Assim, o direito à liberdade religiosa garante a livre manifestação de crenças, cultos e práticas religiosas, assim como a liberdade de adotar ou não uma religião.

A Declaração sobre a Eliminação de Todas as Formas de Intolerância e Discriminação Fundadas na Religião ou nas Convicções, adotada pela ONU em 1981, expressa que:

A discriminação entre os seres humanos por motivos de religião ou de convicções constitui uma ofensa à dignidade humana e uma negação dos princípios da Carta das Nações Unidas, e deve ser condenada como uma violação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais […]”.

O Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, 21 de janeiro, foi instituído pela Lei Federal nº 11.635, de 2007, e faz parte do calendário cívico da União.

Em 11 de janeiro de 2023, foi sancionada a Lei 14.532, que tipifica como crime de racismo a injúria racial, prevê pena de suspensão de direitos, em caso de racismo praticado no contexto de atividade esportiva ou artística, e ainda penas para o racismo religioso, recreativo ou praticado por funcionário público.

A profunda meditação sobre a tolerância religiosa na pós-modernidade está abissalmente marcada pela noção da dignidade humana do mais alto respeito, da liberdade de consciência, da ética e do direito. A funcionalidade de crenças e as práticas da fé, servem para promover a caridade, a fraternidade, a radicalidade da paz e a espiritualidade na promoção do bem-estar integral de todos.

Prof. Dr. Inácio José do Vale
Especialista no Ensino de Filosofia e Sociologia pelo Centro Universitário Dr. Edmundo Ulson – Araras/SP.
Doutor em Ciências Sociais da Religião pela American Christian University-USA.


Documento completo em PDF: Tolerância religiosa. Inácio José do VALE